A filosofia Samkhya é uma das seis escolas ortodoxas do pensamento indiano e é considerada uma das mais antigas e filosoficamente desenvolvidas. Sua essência está na dualidade entre Purusha (consciência pura) e Prakriti (matéria ou natureza), postulando que a liberação (moksha) ocorre quando há a realização da distinção entre estas duas realidades.
Saṃkhya é uma abordagem analítica e racional para compreender o universo e a existência humana, propondo uma ontologia detalhada que classifica todos os fenômenos em vinte e cinco princípios ou tattvas. Essa escola enfatiza a importância do conhecimento discriminativo para alcançar a libertação, contrapondo-se à ignorância que é vista como a causa fundamental do sofrimento e da existência cíclica (samsara).
A visão da filosofia Saṃkhya, que pode ser entendida como “enumeração” ou “conhecer a verdade”, deriva de ‘Sam’ (verdade) e ‘khya’ (filosofia). Essa é a filosofia que busca descobrir e compreender a verdade sobre a vida, idealizada pelo notável rishi, Kāpila Muni.
Purusha e a filosofia Samkhya
Purusha é a consciência pura que existe, vive e habita na “cidade dos sentidos”. Esta cidade é o nosso corpo com os cinco sentidos: audição, tato, paladar, olfato e visão. Purusha é o estado transcendental de ser e existir, o poder de cura e iluminação, sendo energia e consciência passiva, sem escolha, forma, cor ou cheiro.
Os 24 princípios cósmicos que explicam a manifestação do universo segundo a Samkhya
Prakriti é a consciência com escolha, vontade e matéria primordiais, com potencial criativo. Possui forma, cor e atributos de ação, sendo a vontade, a mãe divina. Ela cria todas as formas do universo, neste sentido, Brahma é a forma não manifesta de Purusha e Prakriti. Sāṃkhya entende esta transição da consciência à matéria como um processo de causa e efeito e se ocupa do conhecimento e explicação sobre isso.
Mahat é a inteligência suprema/cósmica; quando Prakriti, na presença de Purusha, torna-se ciente da consciência, ou seja, torna-se autoconsciente.
Cada célula em nosso corpo é autoconsciente de suas atribuições e necessidades. A comunicação entre as células em nosso corpo ocorre pelo fluxo de Prana, a força vital. Neste sentido, Mahat é a inteligência coletiva, expressa na individualidade de cada célula e em seu conjunto.
A pulsação do Prana cósmico divide a consciência em três qualidades universais que influenciam nossos corpos e mentes:
Sattva: é a qualidade da pureza, luz, ação correta e propósito espiritual; espaço amplo e claro; percepção; luz da consciência e energia potencial; é o observador; é criativo e sustenta Rajas; é cognição.
Rajas: é o princípio do movimento dinâmico, mudança e excitabilidade; é atmosfera; movimento da percepção e atenção; energia cinética que movimenta e transforma; é a observação do objetivo. Por meio de Rajas, a consciência se torna matéria; é ação.
Tamas: representa a inércia, escuridão, confusão; é a substância sólida, a própria matéria; precipitação da percepção, que é a experiência e o conhecido; é necessário para haver experiência; é o objetivo a ser observado; mas também é destrutivo; é o observado.
Rajas é a força vital dinâmica que se move para Sattva para criar o universo orgânico, o mundo da percepção sensorial, formado pelas cinco Jnendriya ou faculdades dos sentidos; pelas cinco Karmendriya ou faculdades da ação e pela mente. Rajas também se move para Tamas para criar o universo inorgânico, formado pelos cinco Tanmatras ou objetos de percepção sensorial e pelos cinco grandes elementos ou Panchamahabhutas.